a pintura sempre esteve comigo.
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nos pincéis do pai, que usava para brincar quando era pequena; na escola waldorf, onde todos os cadernos são ilustrados pelos alunos; nos trabalhos da faculdade - minha tarefa sempre foi fazer as ilustrações e depois o macarrão da madrugada. depois achei que era cozinheira, mas passava grande parte do tempo fazendo aquarelas dos ingredientes usados na cozinha.
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até que um dia, depois de mais uma vez caminhando pela arquitetura, entrei num buraco sem luz.
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não havia nada lá dentro, e tampouco nada que me tirasse de lá. as pessoas do mundo passaram a ser minha maior ameaça - e descobri que isso se chama ansiedade.
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dela, surgiu a incontrolável necessidade de quantificar estas pessoas.
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isto virou pintura.
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vicou ocupação.
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virou uma vida toda.
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e então entendi que ela sempre esteve aqui,